Ofereçamos
a Deus, sempre, sacrifício de louvor. (Hb
13.15.)
Um
missionário chegou certa vez à entrada estreita e escura de um cortiço e,
enquanto procurava entrar, tropeçando nos lixos e entulhos, ouviu uma voz que
dizia: "Quem está aí, meu bem?" Riscando um fósforo, viu um quadro de
sofrimento e pobreza terrena, mas de santa confiança e paz, "talhado em
ébano": com olhos calmos e tocantes, incrustados entre as rugas de um
rosto preto e marcado, ali estava a velhinha sobre um catre, no meio de farrapos.
Era
uma noite gélida de inverno, e ela não tinha fogo para se aquecer, nem carvão,
nem luz. Não jantara, nem almoçara, nem tomara café. Parecia não ter nada,
senão reumatismo e fé no Senhor. Ninguém poderia estar tão completamente
exilado de circunstâncias agradáveis, no entanto, o cântico favorito desta
velha criatura dizia assim:
Meu
sofrimento ninguém vê
Ninguém,
senão Jesus.
Meu
sofrimento ninguém vê
— Gloria,
aleluia!
Há
vez que estou lá em cima;
Há
vez que estou lá em baixo;
Às
vezes, bem lá em baixo, rente ao pó...
Às vezes brilha luz ao meu redor
— Glória, aleluia!
E
assim prosseguia: "O meu trabalho ninguém vê", "O meu problema
ninguém vê", com o coro sempre repetindo: "Glória, aleluia!" E a
última estrofe dizia:
Minha
alegria ninguém vê,
Ninguém,
senão Jesus!
"Em
tudo somos atribulados, mas não angustiados; perplexos, mas não desanimados;
perseguidos, mas não desamparados; abatidos, mas não destruídos." Somente
com palavras bíblicas podemos descrever o ânimo daquela velhinha de cor.
Vejamos
Lutero em seu leito de enfermidade. Entre gemidos, ele conseguiu pregar nestes
termos: "Estas dores e aflições são como os tipos que os impressores
assentam. Como estão agora, temos que os ler de trás para diante, e parecem sem
sentido; mas lá em cima, quando o Senhor Deus nos colocar na vida futura,
descobriremos que eles formam uma escrita magnífica." Mas embora esteja de
trás para diante, podemos começar a ler a escrita já aqui! Lembremo-nos de
Paulo, andando pelo convés do navio em meio ao temporal, e confortando a
tripulação: "Tende bom ânimo". Paulo, Lutero e a velhinha de cor são
como girassóis, olhando sempre para o lado luminoso, olhando para a face de
Deus. — Wm. C. Barnett
(28 de fevereiro - Mananciais no Deserto)
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