O
Senhor está sempre trazendo-nos a um canto escuro a fim de nos fazer
revelações. O escuro do lar ensombreado, onde o luto cerrou as cortinas; o
escuro da vida solitária e desolada, onde alguma enfermidade encobre de nós a
luz e nos arrefece o ânimo de viver; o escuro de algum desapontamento ou
tristeza esmagadora.
Então Ele nos conta os Seus segredos, grandes e
estupendos, eternos e infinitos; os olhos que estavam ofuscados pelo brilho da
terra, Ele leva a contemplar as constelações celestes; e leva
o ouvido a perceber os meios-tons suaves da Sua voz, muitas vezes sufocada pelo
tumulto dos estridentes gritos da terra.
Mas
tais revelações sempre implicam em responsabilidade — "dizei-o às
claras... pregai-o..."
Não
é para ficarmos sempre no escuro ou permanecermos no quarto fechado; há um
momento em que somos conclamados a tomar o nosso lugar na marcha e no tumulto
da vida; e, chegada a nossa hora, devemos dizer e proclamar o que aprendemos.
Isto
dá um novo significado ao sofrimento, pois, muitas vezes, o elemento mais
triste do sofrimento é a sua aparente inutilidade. "Como sou inútil!"
"O que estou fazendo para o bem da humanidade?" "Por que
desperdiçar desta forma o precioso nardo da minha alma?"
Assim
se lamenta aquele que sofre. Mas Deus tem um propósito naquilo tudo. Ele chamou
à parte aquele Seu filho, para ter comunhão com Ele numa esfera mais alta, a
fim de que possa ouvir o seu Deus face a face e levar a mensagem para os seus
semelhantes que estão ao pé do monte.
Foram
desperdiçados os quarenta dias que Moisés passou no Monte, ou foi desperdício o
tempo que Elias passou em Horebe, ou o foram os anos que Paulo passou na
Arábia?
Na vida de fé não há atalho, e a fé é a condição vital
para uma vida santa e vitoriosa. Nós precisamos de períodos de comunhão e
meditação a sós com Deus. É indispensável que subamos ao monte da comunhão, que
cheguemos ao vale de repouso tranquilo à sombra de uma grande rocha, e que
tenhamos noites sob as estrelas — em que a escuridade esconde o mundo material,
silencia o burburinho da vida humana e abre a visão para o que é infinito e
eterno — sim, é tão indispensável quanto o é o alimento para os nossos
corpos.
Só
assim pode a consciência da presença de Deus tornar-se um fato real para nós,
capacitando-nos a dizer repetidamente com o salmista: "Tu estás perto,
Senhor". — F. B. Meyer
"Alguns
corações, como certas flores, abrem-se com maior beleza nas sombras da
vida".
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