quinta-feira, 11 de outubro de 2018

Pela morte vivemos


          Como morrendo, e eis que vivemos. (2 Co 6.9.)
       No verão passado tínhamos um canteiro de margaridas, na chácara, que atravessava o jardim. Foram plantadas com atraso, mas como floresceram! Quando as do meio já estavam com sementes, dos lados havia ainda florinhas recém-abertas. Chegaram as primeiras geadas, e um dia encontrei aquela radiosa beleza completamente queimada. Exclamei: "Ah, o frio foi demasiado para elas. Pobrezinhas, pereceram"; e dei-lhes adeus.
       Eu não gostava de olhar para aquele canteiro, pois ele me parecia um cemitério de flores. Mas há umas quatro semanas, um de meus jardineiros chamou a minha atenção: por toda a extensão daquele canteiro havia margaridas brotando em grande abundância. Olhei, e, para cada planta que eu julgara destruída pelo inverno, havia cinqüenta plantas novas, plantadas pelo mesmo inverno. O que haviam feito aquelas geadas e ventos impertinentes?
       Tomaram minhas flores, deram-lhes um golpe mortal, derrubaram-nas ao solo, pisaram-nas com seus tacões de gelo e, terminado o trabalho, disseram: "Aí está o seu fim." Mas na primavera havia, para cada raiz, cinqüenta testemunhas para se levantarem e dizerem: "Pela morte vivemos."
       E como é no domínio das flores, assim é no reino de Deus. Pela morte veio a vida eterna. Pela crucificação e o túmulo vieram o trono e o palácio do Deus eterno. Pela ruína veio a vitória.
       Não tenha medo do sofrimento. Não tenha medo de ser derrubado. É através de sermos abatidos mas não destruídos, é através de sermos despedaçados e os pedaços feitos em pó, que nos tornamos homens valorosos, em que um vale por mil. Mas o homem que cede à aparência das coisas e vai com o mundo, tem um florescimento rápido, uma prosperidade momentânea, e então o seu fim, que é fim para sempre. — Beecher

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