Local recebe mais de 400 animais de estimação todos os domingos.
Quem tem um animal de estimação em casa, sabe: quando eles ficam doentes
dá um aperto no coração! E se o bichinho morre as pessoas sofrem, bate uma
tristeza, saudade. Em São Paulo, quem está passando por situações como essas
encontrou um novo conforto.
“Noventa e nove por cento das vezes ele bate a cabeça. Você toca a campainha
e ele vai fazer festa ele sai batendo em tudo que estiver no caminho”, conta a
administradora Carla Souza Pereira.
O Tim Maia, um labrador de sete anos e meio, perdeu parte da visão
depois de uma forte anemia e de problemas no fígado.
O Tim Maia é bonzinho, quietinho. Mas, quando ele ouve o barulho da
comida ele fica desesperado. Só que como ele não está enxergando, ele tem
dificuldade de chegar lá e vai se batendo até chegar ao lugar onde tem a
comida.
Já o problema da Frida, uma fêmea da raça buldogue francês de dois
anos, é enxergar coisas demais.
“Ela ficava tão transtornada com a sombra que ela acabou emagrecendo.
Ela não comia direito. Está incomodada com o reflexo no chão da água”, diz o
contador Rodrigo Bellan.
A Frida e o Tim Maia estão em tratamento veterinário. A buldogue toma
remédios para problemas neurológicos e o labrador tem até uma caixa de
medicamentos.
“Eu faço tudo o que for necessário para ele ter o melhor que a gente
puder dar para ele”, afirma Carla Souza Pereira.
Os donos buscaram novos tratamentos para os bichinhos e chegaram até
uma pequena casa, na Zona Norte de São Paulo.
O Tim Maia e a Frida se juntaram aos mais de 400 animais de estimação
que lotam o lugar todos os domingos.
“A gente trouxe ela aqui porque ela estava com algumas dores cervicais,
acordava de noite. A gente nem dormia de tanto que ela gritava”, lembra a
estudante Thainá Colucci Alves.
“É como se fosse um filho pra mim. Tudo o que a gente não quer é ver
ele continue a sofrer”, diz a advogada Miriam Oliveira, emocionada.
O lugar é um centro espírita que atende animais, todos eles.
“Nós já recebemos primatas, nós já recebemos cobras, nós já recebemos
tartarugas e ratos”, afirma Sandra Denise Calado, presidente do centro
espírita.
Primeiro, donos e bichinhos precisam assistir a uma palestra.
“Eu peço a todos que mantenham os animaizinhos próximos de vocês para
que não ocorra nenhum desentendimento entre um focinho e outro”, explica uma
médium.
Depois do pedido, acabam os latidos e miados. Quando o caso é mais simples,
o bichinho toma um passe. “Que envolva nossos queridos irmãozinhos em muita
luz. E vamos ao passe”, diz a médium.
As voluntárias, pessoas aptas a darem o passe, posicionam as mãos sobre
os bichinhos.
“Como se fossem energias boas, trabalhando os locais doentes. Eles têm
sentimentos, eles têm emoções. Não são coisas, são seres”, explica Sandra
Denise Calado.
Os mais doentes passam por outro tipo de tratamento. “São casos mais
graves ou casos que seriam cirúrgicos no corpo físico. E a cirurgia é feita no
corpo espiritual do animalzinho”, diz Sandra Denise Calado.
No centro, todos os atendimentos são de graça. O local funciona com
doações e com a renda de uma lanchonete.
Chegou a vez do Tim Maia. O Fantástico foi autorizado a acompanhar a
sessão, que é fechada. “Junto ao nosso mestre Jesus, médico de todas as almas,
e Francisco de Assis, médico das almas animais, solicitamos ao Senhor a
oportunidade de servir ao nosso irmão”, reza Sandra Denise Calado.
Enquanto os donos oram, a Sandra, presidente do centro, começa a
cirurgia. Segundo a Sandra, um espírito vai operar através dela.
Não há cortes nem
instrumentos cirúrgicos. As mãos simulam os movimentos de uma operação. Era a
cirurgia da Frida. O procedimento dura um minuto e meio.
Sandra Denise Calado: Que assim seja, meu filho.
Rodrigo Bellan: Que assim seja.
Rodrigo Bellan: Que assim seja.
Aos domingos, o centro abre as portas às 7h da manhã. Às 13h ainda tem
gente por lá, mas por um outro motivo. “Eu vim receber notícia dele”, diz a
escrevente Aracélis Espigado.
O Cacau, o cachorro da Aracélis, morreu há dois meses de um câncer no
fígado.
O Fantástico acompanhou a psicografia, o momento em que os donos dos
animais ficam aguardando notícias dos bichinhos que morreram.
A Sandra e outras duas médiuns dizem receber mensagens dos animais que
já se foram. As notícias seriam ditadas pelos espíritos que cuidam desses
bichinhos no plano espiritual. Depois são passadas aos donos.
“Acalma seu coração que ele está bem. Ele foi tão bem amparado, ele foi
tão bem assistido. Ele está bem e vocês estão se encontrando”, diz uma médium à
Aracélis.
Fantástico: Essa mensagem te deu algum conforto?
Aracélis
Espigado: Eu fiquei muito feliz de saber que ele
está amparado, porque essa é a maior preocupação que a gente tem.
“Desde que ele virou estrelinha eu não paro de chorar. 45 dias. Fiquei
muito feliz de ele estar amparado porque essa é a maior preocupação que a gente
tem”, conta Aracélis.
Esse tipo de psicografia não é consenso dentro da própria doutrina
espírita. “Eu acho um pouco de exagero isso. Não acredito que haja esse tipo de
comunicação”, diz Julia Nezu Oliveira, presidente da União das Sociedades
Espíritas de São Paulo.
Os outros tratamentos, como o passe e a cirurgia espiritual, também são
questionados.
“Eu acredito que o animal possa receber alguma vibração, algum efeito,
que é resultado do nosso carinho, do nosso amor. Mas eu não acredito que o
passe possa fazer o efeito que faria em um ser humano”, afirma Julia Nezu
Oliveira.
“No Brasil, a única profissão, o único profissional que tem essa
responsabilidade e a capacidade, habilidade e competência para poder tratar dos
animais é o médico-veterinário”, explica Benedito Fortes de Arruda, presidente
do Conselho Federal de Medicina Veterinária.
A Sandra também é veterinária. Por isso, orienta os donos dos bichos.
“O tratamento espiritual não dispensa o tratamento médico-veterinário”, diz
ela.
Apesar das polêmicas, os donos do Tim Maia e da Frida vão continuar
indo ao centro.
Carla Souza Pereira: Ele tem excelentes médicos no plano físico e eu
tenho certeza de que ele está com excelentes assistentes lá no plano
espiritual.
Fantástico: Está tendo algum
efeito?
Carla Souza Pereira: Eu acredito que sim.
Carla Souza Pereira: Eu acredito que sim.
Rui
Reis, técnico de segurança do trabalho: Eu sou um pouco
mais cético. Eu acho que pode ser que ajude, sim. É um recurso que a gente está
usando. O que tiver de recurso a gente vai usar.
Fantástico: Você sentiu uma
melhora?
Rodrigo
Bellan: Senti. Ela acaba se acalmando quando ela retorna
do centro. E, para mim, eu deixo todos problemas dentro do centro. Tanto angústias,
nervosismo. E volto com paz, volto com amor, com alegria.
Procurei o nome do Centro Espírita, mas não encontrei - Só aparece "Um Centro Espírita de São Paulo".
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