quarta-feira, 11 de abril de 2018

O que vos digo às escuras, dizei-o às claras. (Mt 10.27.) - Mananciais no Deserto



        O Senhor está sempre trazendo-nos a um canto escuro a fim de nos fazer revelações. O escuro do lar ensombreado, onde o luto cerrou as cortinas; o escuro da vida solitária e desolada, onde alguma enfermidade encobre de nós a luz e nos arrefece o ânimo de viver; o escuro de algum desapontamento ou tristeza esmagadora.
        Então Ele nos conta os Seus segredos, grandes e estupendos, eternos e infinitos; os olhos que estavam ofuscados pelo brilho da terra, Ele leva a contemplar as constelações celestes; e leva o ouvido a perceber os meios-tons suaves da Sua voz, muitas vezes sufocada pelo tumulto dos estridentes gritos da terra.
        Mas tais revelações sempre implicam em responsabilidade — "dizei-o às claras... pregai-o..."
       Não é para ficarmos sempre no escuro ou permanecermos no quarto fechado; há um momento em que somos conclamados a tomar o nosso lugar na marcha e no tumulto da vida; e, chegada a nossa hora, devemos dizer e proclamar o que aprendemos.
       Isto dá um novo significado ao sofrimento, pois, muitas vezes, o elemento mais triste do sofrimento é a sua aparente inutilidade. "Como sou inútil!" "O que estou fazendo para o bem da humanidade?" "Por que desperdiçar desta forma o precioso nardo da minha alma?"
       Assim se lamenta aquele que sofre. Mas Deus tem um propósito naquilo tudo. Ele chamou à parte aquele Seu filho, para ter comunhão com Ele numa esfera mais alta, a fim de que possa ouvir o seu Deus face a face e levar a mensagem para os seus semelhantes que estão ao pé do monte.
       Foram desperdiçados os quarenta dias que Moisés passou no Monte, ou foi desperdício o tempo que Elias passou em Horebe, ou o foram os anos que Paulo passou na Arábia?
       Na vida de fé não há atalho, e a fé é a condição vital para uma vida santa e vitoriosa. Nós precisamos de períodos de comunhão e meditação a sós com Deus. É indispensável que subamos ao monte da comunhão, que cheguemos ao vale de repouso tranquilo à sombra de uma grande rocha, e que tenhamos noites sob as estrelas — em que a escuridade esconde o mundo material, silencia o burburinho da vida humana e abre a visão para o que é infinito e eterno — sim, é tão indispensável quanto o é o alimento para os nossos corpos.
       Só assim pode a consciência da presença de Deus tornar-se um fato real para nós, capacitando-nos a dizer repetidamente com o salmista: "Tu estás perto, Senhor". — F. B. Meyer
"Alguns corações, como certas flores, abrem-se com maior beleza nas sombras da vida".

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