Não lembro se já postei a história da gatinha Myrtle aqui no Blog. Mas, se já tiver postado vou colocar novamente hoje, por ser o dia internacional do gato. Essa história me ajudou demais. Em 2021, sofri muito porque minha gatinha foi diagnosticada com Felv+ e encontrei na internet a história da Myrtle. Imprimi e levei para a veterinária da minha gatinha ver. Ela seguiu o tratamento e hoje é a minha She-ra tá linda, feliz e comelona. Foi um alívio conseguir retirar a minha gatinha do perigo. Meu eterno agradecimento à Gabizilla. O Instagram dela é @gabichaytor.
Não desista do seu gatinho Felv+.
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Essa é a Myrtle (linda!) |
A Myrtle chegou no hospital quase morta, com o hematócrito em 8% – o valor de referência é entre 22 e 38%. Fizemos uma transfusão de emergência e ela ficou internada. Só deu tempo de testar a compatibilidade entre ela e o Boris antes da transfusão. Os outros testes foram feitos apenas no dia seguinte.
Entre os exames realizados estava o teste para FIV (vírus da imunodeficiência felina) e FeLV e o dela deu positivo para FeLV. Depois deste resultado, testei todos os meus outros gatos e descobri que a Zuri e a Bo eram positivas também. Além disto, ela tinha mycoplasma, que é um parasita transmitido pela pulga e que ataca e destrói as hemácias, causando anemia. O tratamento pós transfusão foi para a mycoplasmose e ela chegou a melhorar, o ht chegou em 25%. Mas depois de mais ou menos um mês, despencou de novo para 11%.
Ao contrário do que acontece com quase todos os gatos com anemia que vejo por aí, a Myrtle não fez outra transfusão, porque o exame de lactato indicou que a oxigenação dela ainda estava ok. O veterinário que a acompanhava, que não era especialista em felinos, recomendou iniciarmos o tratamento com prednisolona, mas numa dose baixa, anti-inflamatória, mas que foi suficiente para subir o ht (hematócrito) para 16%. A principal suspeita dele, neste momento, era linfoma. O fígado e o baço dela estavam muito aumentados.
Levei a Myrtle a outra médica veterinária e ela falou que suspeitava de AHIM – anemia hemolítica imuno mediada. O tratamento para esta anemia é suprimir o sistema imunológico. Parece loucura, já que uma das consequências da FeLV é a baixa imunidade e se faz de tudo para manter gatos positivos com a imunidade alta. Mas no caso desta anemia, é necessário fazer exatamente o contrário. Ela suspendeu o antibiótico, porque o problema não era o mycoplasma, mas sim o próprio sistema imunológico da Myrtle que destruía as hemácias. O gatilho pode ter sido o mycoplasma ou o próprio FeLV. O corpo tentou destruir o vírus ou o mycoplasma, mas ‘surtou’ e passou a atacar as hemácias. Típica doença autoimune.
Começamos a tratá-la com doses altas de prednisolona e em uma semana o ht subiu para 29%. A dose que ela tomava era 10mg por dia e ela tinha 3,5kg. A dose imunossupressora da prednisolona é entre 2 e 4mg por kg. Menos que isso é dose antiinflamatória.
Depois deste aumento, que já a tirou da anemia, entramos com um quimioterápico, o Leukeran. Esta medicação trata linfomas, mas também é imunossupressora e tem até menos efeito colateral que a prednisolona. Com a combinação de medicações, o ht dela chegou em 35% e nunca mais caiu. Isso foi no fim de dezembro de 14 / começo de janeiro de 15. A partir daí, começamos a diminuir a medicação bem devagar. Devagar mesmo! Ela só parou toda a medicação em maio de 16, um ano e meio depois. E não teve mais anemia. Desde então, a Myrtle não toma medicação nenhuma. Só foi medicada quando fez um tratamento de canal – a bichinha conseguiu quebrar um dente…
Se você está nesta situação, meu primeiro conselho é: não se desespere. FeLV não é uma sentença de morte.
Meu segundo conselho é buscar um veterinário especialista em felinos. Gatos não são pequenos cães. É importante que seu veterinário seja familiarizado com as doenças de felinos.
O terceiro conselho é insistir para que o veterinário descubra a causa da anemia. Jamais aceite que te digam que é ‘da FeLV’. Mesmo em gatos FeLV+ a anemia pode ser causada por mycoplasma, por doença renal, por hemorragia, por câncer, ou pelo próprio sistema imunológico. Apenas sabendo a causa será possível tratar corretamente. E, no caso da AHIM, não existe um exame que indique isto. O diagnóstico é clínico e por eliminação.
Espero que este relato ajude.
Vamos
trabalhar para desmistificar a FeLV e ajudar os gatinhos positivos a viverem
mais e melhor!E esta é a minha She-ra (o amor cura!)
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